terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pensar, pensar e pensar. Aonde isto me leva? Em última análise, a lugar nenhum. Mas aonde te leva isto que você faz e que pensa que te leva a algum lugar? Em última análise, não te leva a lugar nenhum. Estamos indo para o mesmo lugar, não é? A diferença é que, aparentemente, eu talvez não tenha preguiça de tentar descobrir os porquês. Ou não tenha medo... Ou talvez tenha tanto medo, que meu modo de lidar com o medo é pensar, pensar e pensar. É natural que enxerguemos inutilidade nos acontecimentos da vida se tudo terminará na morte e nenhum ser humano pode alterar este destino. Mas enfeito a caminhada com meus adornos preferidos. Enfeite a sua. E seus adornos não precisam ser os meus. Os meus são pensar, pensar e pensar.
Somos a cara da nossa rotina. E a rotina é sufocante. Viver na rotina talvez seja uma das principais causas de grandes fracassos em muitas áreas da vida. O piloto automático sem amor, sem planejamento, sem determinação, apenas um fluxo sem orientação racional, um caminho sem questionamento prévio. E se o ser humano não tiver mesmo nascido para a rotina, como suspeito que não nasceu? Talvez seja ela a causa dos envelhecimentos precoces, da perda a saúde, da sensação de uma vida que está passando em vão ao longo de anos que nem percebemos chegar e partir. O que fazer para romper a rotina? Talvez seja essa uma pergunta que não é levada a sério, mas que poderia mudar o gosto pela vida.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Deixo para os outros aquilo que não posso fazer, assim como deixo para o Universo mistérios que não posso explicar. Não sou onipotente, tampouco onisciente. Sou apenas humana, demasiada humana, como diria Meu Preferido. E você é igual a mim. Nada sabe, como eu. Nada pode, além do que a sua natureza permite. Nada é, a não ser o pouco que já é. No contexto do que pouco que sou, busco ser algo neste mundo que faça qualquer traço de diferença. Buscar um sentido no ser? Cuidado! A busca do sentido é uma armadilha que pode minar a felicidade. O sentido deveria ser apenas existir. A carga do sentido não deveria recair sobre nenhuma espécie de meta, nenhum outro ser humano, nenhuma outra pretensão, a não ser a breve pretensão de existir. Eu existo! Não seria isto o que há de mais forte em ser um humano? Não seria este o sentido? Deixo para o Universo o sentido. Se Ele quiser me dizer qual é, aceito. Se não, vivo assim mesmo, divagando no meu existir, como quem trafega em um trenó na neve. Um caminho escorregadio. Perigoso. Mas divertido.
E todos os dias um cenário novo. Nós mudamos. A mente muda. Vontades desaparecem dando lugar a outras vontades novas. Mas há coisas que para mim são imutáveis. O amor, quando declarado, é imutável. Só se altera se superado por outro. Sou devota. E quando devota, não enxergo mais nada, não vejo nenhuma outra Estrela. Meu céu é soberanamente dominado por uma Estrela só. Tanto é assim que sou poeta. Em minha alma sempre é "eterno enquanto dure", sempre parece a primeira, única e última vez, como se jamais houvesse existido outra. O que é ser devota? Ser devota é muito maior que paixão. Ser devota é ser uma com o outro, ser uma com seus projetos, "comprar" suas metas, amar suas intenções, suas verdades, seus valores. Ser devota é interagir de maneira única com a outra pessoa, alimentar nela o que ela tem de melhor, compartilhar sonhos. É admirar o outro mais do que a qualquer outra pessoa na Terra, é amar com a mente e com o coração, é amar a outra alma como se fosse a sua.

domingo, 28 de novembro de 2010

Eu festejo porque dentro de mim existe uma eufórica alegria da vida. Gosto de viver. Gosto dos fluídos frequentes de sorrisos e gargalhadas efervescentes que saem de dentro da minha alma, diretamente dela, e se mostram nos lábios apenas por que esta é a parte do corpo responsável por demonstrar os sorrisos. Mas quem sorri não é minha boca, mas minha alma. Sou um sorriso. Sou, da vida, uma espécie de criança, frequentemente acometida por felicidadezinhas santas e espontâneas. Sou assim, porque já sofri muito. E o sofrimento é o único capaz de mostrar ao homem a importância da felicidade gratuita, que não tem razão de ser, aparentemente até mesmo sem motivo, simplesmente feliz por ser e querer ser. Felicidade é uma escolha. Só não é feliz quem não quer ser. Porque para ser feliz ninguém precisa de motivo. O motivo único é existir. E este motivo já deveria ser tudo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Estou perdida dentro de idéias e conceitos novos. E todos os dias um paradigma se parte ao meio, como um bloco de gelo se despedaça pela força das ondas que fere esta estrutura fragilizada, formada por idéias vendidas e compradas sem que eu nem mesmo tivesse percebido o preço alto que por elas paguei. E todos os dias, uma vertente nova inunda minha mente de espaços siderais que comportam foguetes em direção a planeta nenhum, nem neste sistema solar, nem em outro qualquer. Foguetes lançados à esmo, pensamentos sem direção, descontrole natural de quem pensa e quer demais desta vida.

E é assim que sou, uma desorientada bem orientada dentro de sua desorientação. Uma alucinada lucidamente iluminada pela sua alucinante lucidez. Um movimento e um estado de coisas mutante que por mutante que é, jamais deveria ser chamado de "estado". Sou o movimento de quem não quer morrer por dentro, sou uma máquina de pensar por pensar, de lançar idéias aos astros e nunca mais correr para buscá-las outra vez.
A comédia é a soberana filosofia e a arte mais autêntica. Mas é claro que a comédia é uma espécie de desespero. O riso gargalhado às alturas é fuga, expiação, manifestação de exarcebada clarividência da realidade patética que nos rodeia. O riso enérgico é uma ressurreição permanente de quem morre todos os dias por sentir o peso da vida.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quero fazer diferença na vida das pessoas. Uma certa parte da plenitude do meu existir reside em poder alcançar esta meta. Não quero passar pela Terra sem nada deixar, sem nada realizar que possa ser lembrado. Quero construir. Em mim reside a ânsia da realização, a vontade de tocar o coração alheio e fazer pulsar dentro dele qualquer espécie de gosto de vida. Não nasci para a neutralidade, para o morno, para o seco. Não nasci para me esconder, para deixar o caminho vago de flores, a rota sem bússula. Não nasci para o outono, mas para a primavera da alma. Nasci para florescer.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Aprendi a pôr trancas, ferrolhos e um guardião alerta na porta do passado para não correr o risco de, enquanto espio por ela, perder o presente bem a minha frente. Aprendi que passado não tem este nome à toa. Se é passado, passou, e se passou, não deveria voltar. Aprendi que remoer um passado doloroso é remoer a dor de novo e a vida é cara demais para gastar tempo com isso. Aprendi que o presente só pode ser visto como merece quando ninguém pensa no que foi ontem ou no que será amanhã.
E neste instante, em que toda a alegria parece invadir minha essência, me lembro que a vida é apenas uma gangorra que sobe e desce. Hoje, ela está em cima; amanhã, poderá descer. Só resta ao ser humano, tão volátil, sujeito a toda a mutabilidade externa que lhe cerca, aproveitar os momentos da subida da gangorra. Vida é mesmo assim, cíclica. Hoje é; amanhã, poderá não mais ser. Felicidade talvez seja nunca se apegar ao que está do lado de fora. Felicidade deveria ser o encontro consigo mesmo, antes de tudo; o encontro apaixonado e sedento de amor com seu próprio eu; o momento de união mais plena entre você e você mesmo. Felicidade não deveria ser outra pessoa, bens materiais, status, alegrias passageiras. Felicidade deveria ser definida pelo que somos por dentro, jamais pelo que possuímos do lado de fora.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Eu já cheguei a pensar que fosse possível obter todas as respostas para os teoremas da vida. Não é. E isto dói. Eu sei. Dói para qualquer ser humano. Dói para mim, que sou uma buscadora imperfeita e inquieta, angustiada e aflita por respostas. Mas eu busco porque aprendi que esta sou eu. E minha meta é ser apenas eu mesma. Não recebo prontas idéias que se pretendem inquestionáveis. Eu busco, mas buscar é marcante, é frustrante muitas vezes, é dilacerante. Eu me dilacero atrás de justificativas, mas, num outro norte, eu já não me importo com a maioria das respostas que não tenho e que tanto me apavoravam. Venci muitas fortalezas da mente. Rompi muitas aflições pela constante insatisfação causada pela vida. Hoje, estou leve, bem mais serena, estável, agradável comigo mesma. Não me agrido, gosto de mim. Não me venero, mas não me substimo. Tenho apreço por quem eu me tornei, embora eu saiba que não sou ninguém. Não me torturo com as respostas que não vou ter. Não me culpo por buscar, nem por não conseguir obter. Não me desespero se alguém não me ama ou não enxerga valor em mim. Amadureci. Sei quem sou, o que quero, o valor que tenho. E o nada que sou eu também sei. Não mais me perturbo se algumas lembranças eu não consigo vencer. Acho que muitas delas são mesmo a nossa marca. E sentir dor não é pecado, é humanidade, é verdade, é o que se é. Aprendi a gostar de mim. Aprendi a lutar pela minha paz interior. Aprendi que só eu mesma poderia fazer isso. E resolvi que faria o melhor por mim. 

Hoje, ter respostas não faz mais diferença. O que faz diferença é o trajeto da busca.
Deus, que eu erre sempre, porque errar é o que me faz crescer. Que eu erre muito, porque errar é o que justifica minha humanidade. Que eu erre tanto que aprenda com meus erros todos os dias, porque errar me faz grande, me faz maior, me faz extensa nessa linha da vida tão curta. Errar me eleva, me faz subir degraus da experiência, me faz mais apegada a minha própria espécie, me faz transcender camadas da vida que acertos nunca me permitiriam ultrapassar. Que o erro seja frequente; errar não me dá medo. O que me dá medo é errar pela omissão, pela ausência, pelo caminho não tentado. Só quero que eu nunca perca a coragem de errar pelo excesso, pela ação, porque é assim que eu sou. Sou flecha. Sou lançada no ar e sigo meu caminho rumo ao alvo. E ainda que eu erre qualquer alvo, que minha alma nunca deixe de registrar qualquer tentativa como uma vitória. Não quero deixar de fazer. Não quero deixar de agir, quando eu poderia. Não quero deixar de amar, quando estava ali, a minha espera. Não quero me arrepender por nada ter feito. Não quero ser escrava da consciência que se omite. Porque quem erra pela omissão não vive. E eu nasci para viver...Sou ação e sou flecha.

domingo, 21 de novembro de 2010

Deixo o anonimato para abrir a minha alma nos sites, na vida, para o mundo. Liberdade. Eu posso ser livre, já aprendi como ser. Não tenho medo. Nem culpa. Custa. Foi caro. Rompi paradigmas, atropelei julgamentos. Mas cheguei aqui. O que importa para você nesta vida? A mim, importava ser livre. Poeta aprisionada, filósofa reprimida, em dívida com a consciência por não poder falar o que pensa. Escrava de sistemas morais que eu nem mesmo aderi por vontade própria. Agora posso. Eu só tenho esta vida. Então é nesta. Eu só tenho este corpo. Então, será com este. Eu só tenho a minha voz. Então, escreverei, falarei, levantarei dúvidas, essas dúvidas que eu amo tanto. Eu sou apenas o que sou e não posso ser nada mais além disto. Então, é na minha individualidade, com tudo o que tenho de bom e de ruim, que vou infinitamente, exaustivamente, incansavelmente me realizar. Eu posso.

sábado, 20 de novembro de 2010

Quanto maior o risco, maior o tombo. Ou maior a glória...O nome disso é vida. Chuva é para se molhar. Fogo é para se queimar. Coração é para amar. E lágrima é para chorar se preciso for. Gangorra da vida, na dinâmica do erro e da tentativa. Há sempre 50% de chance em qualquer situação. Variáveis imprevisíveis. Nada nesta vida é certo. Certeza é luxo. Amor é vocação.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eu não gosto de certezas. Certezas não me servem, nunca me serviram de absolutamente nada, não me confortam e não me trazem qualquer sossego, pelo contrário. Elas fecham milhares de outras portas, limitam meu universo infinito e tornam o meu mundo totalmente preto e branco.
E eu não posso me dar a esse luxo de sentar em cima de uma pedra dura e estática e deixar escorrer pelos dedos as cores das tintas.
O mundo gira e eu vou participar da rotação. Preciso.
Não nasci para a permanência. Sou essencialmente transitória e indisfarçavelmente inadequada.
Busco o movimento, pois é onde encontro a felicidade. Não suportaria trilhar o mesmo caminho ao longo da vida e já aceitei que isso faz parte da minha natureza.
Não tenho medo do acaso, da vida, da morte, da enfermidade ou da sorte. Tenho medo da prisão e dos limites, das regras e dos padrões e da taxatividade das assertivas, que não deixa espaço para novas construções. Tenho medo do absoluto, porque só ele me prega peças. O relativo jamais engana a alguém.
Tudo é possível e tudo muda, porque nada está programado para ser o que é para sempre.
Mas ainda que eu mude, serei eterna. Todos seremos. Essa vida é apenas um capítulo de um livro sem final.
Não espere. Faça o melhor por você mesmo hoje. Não deixe o tempo passar sem nenhum sentido. Corra atrás de tudo que pode ser melhorado. Realize por você; ainda dá tempo. Você é muito mais do que um nome. Você merece sol e água fresca depois dessa batalha. Esteja certo que tudo passa. O importante é a sua paz de espírito que você vai cultivando a cada dia, vencendo tudo que te atormenta e sendo ainda mais forte a cada novo raiar de sol.
Não se esconda. Deixe as "muletas" e corra de vez para a vida. Ela tem grandes surpresas para você.
Seja humano. Não fira o coração do fraco. Não mate de sede o viajante do deserto. Não seja comum, morno, seco, que não tem nada de bom para dizer, nem uma só palavra para acalentar. Seja esperança e não peso. Traga alegria e não discórdia. Seja a paciência e não a intolerância. Pregar a fé, qualquer que seja ela, de nada adianta se a verdadeira mensagem nunca foi aprendida.
Não critique o cansado. Cada um sabe dos seus percalços. Não machuque mais a ferida aberta. Seu silêncio será bem-vindo. E seu amor também.
Aprendi que quando alguém diz que tem uma fé ou que crê em um Deus, não significa, de forma alguma, que sabe como amar o próximo, porque isso só se aprende fazendo e não crendo. Tanto melhor que não creia em nada, mas saiba como amar, porque se assim for, essa pessoa não precisará se esforçar para encontrar Deus. Deus a encontrará.
Se liberte. Deixe ir quem não quer mais ficar. Decida ir se é você quem tem que partir. Não deixe tudo piorar. Não deixe o mundo desabar só porque você não tem coragem. Tenha.
Não se canse. E se cansar, sente e respire. E recomece. Não pense que a estória acabou. Ela está somente começando e é você quem escreverá o final dessa vez. Outras estórias, que bom que acabaram. Elas não teriam mesmo um final feliz. Você já sabia. Então, vire a página e siga em frente.
Eu me importo...Com o coração apertado eu digo que me importo, sim, com o detalhe, com o sentimento mais simples, com o presente feito à mão, com o beijo dado com afeto e de graça, com uma poesia numa folhinha de papel. Me importo com o amor sincero. E o amor é simples. E isso é tudo, porque o amor já é tudo. Me importo com o tempo que foi gasto para compor uma canção para mim, me importo com o tempo que se levou para chegar aonde estou só para me dizer que me ama, me importo com pequenas grandes coisas que fazem do amor algo nobre. Me importo com o olhar, com o toque e com o abraço apertado. Me importo e acho que tudo isso, por si só, já é um presente. Me importo porque é justamente isso que tem valor para mim.
Está entre os meus principais objetivos de vida conhecer pessoas, aprender a apreciá-las independentemente do que elas possam me oferecer, amá-las não necessariamente pelo que são, mas APESAR do que são, me importar com elas verdadeiramente e não cair na armadilha de fazer o bem só para mostrar ao mundo que "sou uma pessoa boa".
Amar o belo, o nobre, o excêntrico, todos fazem. Amar o popular, o notável, o incrível, todos podem. Amar o torto, o fraco, o insuficiente, o problemático, o que não tem nada para nos oferecer, o que não pode dar nada em troca, isso é tão mais difícil, não é? Desafio.
Desafio se colocar no lugar do outro e sentir sua dor ao invés de julgá-lo. Desafio a compaixão genuína, o sentimento altruísta, a irmandande desinteressada, o amor sem reservas. Desafio o cristianismo primitivo, no sentido mais puro e essencial da expressão. Desafio tão contrário ao nosso natural egoísmo querer dividir, somar, se entregar, se doar. Desafio vencer nossos percalços internos e querer ser útil para as pessoas, sem pretender que elas sejam apenas utilitários para nós.
O valor da comédia é imensurável. Ela alivia nossa carga existencial e permite que escondamos a nossa racionalidade atrás do humor para suportar esse mundo cão. O riso é um estado de glória que eleva nossa alma e entorpece por alguns segundos nossa angústia de ter que ser humano todos os dias. A gargalhada liberta e renova as nossas baterias mentais e emocionais para recomeçar a busca na direção das tristes constatações de quem é lucido. Nós rimos porque somos lúcidos até demais. Nós gargalhamos porque a dor existencial é grande e o sentimento de impotência frente às incongruências do mundo assalta nossa paz constantemente. Nós contamos piadas e falamos bobagens porque essa é uma estratégia de sobreviência nessa Terra que caminha na contramão da lucidez. Nós somos cômicos porque somos poetas da vida e enxergamos o ser humano do modo que só o riso desesperado e o amor incontrolável pode nos fazer enxergar. Nós somos tão lúcidos que precisamos ser loucos de vez em quando para não enlouquecermos de uma vez. Portanto, ria, gargalhe, fale bobagens, extravase. Porque quando você faz isso, você se torna cada vez mais lúcido e o mundo precisa da lucidez de gente exatamente assim como você.
Vida é persistência e não dá para ser diferente. Vida é acreditar mesmo quando tudo parece na contramão do que se almeja. Vida é lutar dentro de si mesmo e direcionar energia para o seu projeto. Vida é cansaço, mas um cansaço recompensador em algum momento da trajetória. Vida é seguir em frente, rompendo obstáculos, construíndo passo a passo o caminho por onde você quer trafegar. Vida é sofrer e chorar se for preciso, é sentir a perda, a ansiedade, o martírio, é gritar, é se remoer de aflição. Vida é batalha diária e ninguém disse que seria diferente. Vida é lutar por nós mesmos, pelo nosso momento, pela nossa estória e não deixar passar a chance jamais. Vida é oportunidade também e a oportunidade que não existe pode ser criada. Vida é o que eu quero e o que eu quero pode ser alcançado. É para alcançar que estou vivendo e não  "vivendo por viver". Portanto, venha o que vier, estarei aqui esperando.
Não se culpe. Ninguém sabe se teria sido diferente. Talvez você não seria quem é. E quem você é realmente é muito importante hoje.
Não se atormente com coisas pequenas. Você é mais do que esse dia ruim, do que essa fase difícil; do que esses medos e desilusões passageiras; do que essa descrença no ser humano.
Seja forte e dê a mão para você mesmo. Não boicote seus próprios projetos. Não seja seu próprio inimigo. Abra os olhos e se concentre em você.
Seja forte. Há dores que não cessam de doer tão cedo, mas não há nada que o tempo não possa apagar, de verdade. Então espere, vai chegar a cura. E chega, porque o tempo pode tudo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Você talvez nem mesmo ame a maioria das coisas que julga amar. Ama, quem sabe, as expectativas que as tais coisas provocam em você. Ama quem você é em razão dessas coisas. Ama qualquer outro referencial externo a elas. Talvez você nem precise da maioria das coisas que possui. Só as mantém porque não sabe mesmo como se desfazer delas. E quem sabe seria tão mais leve a sua vida se você dispensasse aquilo que não tem valor e ocupa espaço físico ou emocional que não precisaria ser ocupado. Talvez você faça uma limpeza qualquer dia desses e descubra que muita coisa estava sobrando. E no meio de tanta coisa que estava sobrando faltava mesmo era muito de você. E nesse dia, quem sabe, você finalmente se torne mais evidente e necessário no contexto da sua própria vida. E jogue fora coisas que ofuscam o valor que você tem.
Eu não estudo para acumular conhecimento. Estudo para me ultrapassar. Eu não leio para copiar o que os outros fizeram. Eu leio para construir minha própria visão de mundo. Eu não aprendo para dizer que sei. Aprendo para compartilhar.
E se perder tempo, não lamente. Foi tempo achado, não foi perdido. Porque você achou o caminho certo e descobriu que estava indo na direção errada. Poderia ter perdido mais tempo, mas ainda bem que nem um só minuto a mais foi investido nessa fantasia.

E o que é perder? Será que nesse trajeto só houve perda, não houve ganho algum? Pense, talvez você tenha ganho algo, algo que jamais teria ganho se nunca tivesse "perdido" esse tempo. E se algo foi ganho de fato será que foi mesmo "tempo perdido"?
Se perdoe. Siga em frente sem buscar os "porquês". Alguns você jamais vai descobrir. E o que importam? Pouco acrescentariam. Será que mudariam alguma coisa? O fato é um só e nada mudará isso. Saber porque tem algum efeito prático? Se perdoe e para se perdoar ninguém precisa realmente saber mais nada. Se perdoe porque você só fez o que podia, o que era esperado, o que era possível, o que qualquer outro ser humano faria. Aquilo que você não fez não mais importa. Agora é só seguir em frente. Faça a volta ao redor do passado e passe por ele sem olhar para trás.
Não desista. Há sempre uma esperança. Há calor mesmo de noite. Há faísca de fogo na lareira fria. Há água para a boca seca.
Não desfaleça. Há luz por detrás da porta. Há brilho na frente do espelho. Há fortaleza por detrás desse olhar desanimado e denso.
Plantei uma roseira no deserto. E vejo a primeira rosa mostrar de longe um vermelho tímido e solitário.
Mas esse vermelho ainda vai pintar o deserto inteiro.
Viver é uma peça de teatro que estréia todos os dias. E cada novo dia é a continuidade desse espetáculo magnífico. Levante as cortinas e recite o seu texto. Há sempre espaço e será sempre tempo nesse céu de maravilhas para a sua Estrela brilhar.
Pode quem quiser acabar com a sua única e preciosa vida, ou com os melhores anos dela, com sua paz e seus projetos pessoais só para manter a aparência do belo, do padrão e do politicamente correto. Eu não. Tenho um pacto de felicidade firmado comigo mesma. Fiz um compromisso sério no sentido de jamais dormir dentro de um caixão fechado se posso sair e respirar o ar fresco da vida verdadeira.
E é claro que o meu ideal é o mesmo de qualquer ser humano: a felicidade. Só que é a felicidade nos meus moldes, felicidade conceito personalíssimo, construção individual, aquela que serve perfeitamente para mim e que não precisa servir para outra pessoa. Longe de mim me esforçar para tentar converter a humanidade a minha forma de pensar. Ditar padrões seria uma contradição, até porque procuro fugir da maioria deles e frequentemente me nego a me enquadrar.
Eu não fecho a porta, apenas encosto. Preciso que ela fique entreaberta para que eu possa olhar o que está do outro lado. Se a porta estiver fechada, eu pulo a janela. Se a janela estiver fechada, eu arrombo a maçaneta. Eu sempre fui. Bastava ligar o motor e eu já estava lá, indo. No fundo, quem sabe eu almejasse jamais encontrar as respostas, só para poder ter o prazer de passar a vida inteira procurando por elas. Gosto da busca infinitamente mais do que do resultado. Aprendi a dar valor ao processo, muito mais do que à chegada. A trajetória é densa, mas é sempre agradável também, recheada de estrelas cintilantes e muitas explosões. Dói, mas o que é que não dói nessa vida? E no meio do caminho eu sempre encontro outros iguais a mim - e essa é a melhor parte do trajeto - que carregam o mesmo fardo e enxergam as mesmas cores.
Eu investigo e não posso ser diferente; questiono e não posso mais mudar; chego aos limites do inquestionável e julgo ser justamente essa a receita que me traz felicidade. Entro, se for preciso, e saio levando comigo todas as minhas conclusões. Só eu posso construí-las. A conclusão de ninguém mais sacia a minha sede.
São as dificuldades que fazem cada momento de paz e vitória valer o dobro, o triplo e, às vezes, até mesmo valer tanto, que não se tem como mensurar esse valor. A alegria nunca é a mesma sem um duro pesar que a anteceda. E que privilégio poder sentir essa alegria valorizando cada pequeno grão de areia que compõe o todo, como se fosse único e incomparável.
Permaneço vendo perfeição no caminhar ofegante e emergencial de quem quer subir as escadas da vida guerreando sempre, porque almeja o fim da torre e sabe que pode chegar lá em qualquer situação.
Vejo infinita beleza na dificuldade e não suportaria mais viver sem jogar uma longa partida de xadrez com ela. E ganhar!
Não vejo sentido na vida se não posso aprender nada com ela ou lutar por ela. Afinal, essa luta, em qualquer dimensão, é o trajeto necessário por onde trafegam as almas que querem muito mais desse mundo e de si mesmas e não se contentam com pouco.
É de ciclos de Poeiras e Nuvens Cinzas que sempre nos renovamos com cores que nem mesmo sabíamos que existiam e encontramos prazer infinito nas novas portas que se escancaram diante dos nossos olhos quando o temporal, finalmente, vai embora.
Eu sempre me sinto no começo de tudo, porque sempre estou no fim de uma reta e no começo de outra. Eu me renovo! Abraço uma "vida nova" a cada novo cilco, sem arrependimentos e sem medo de errar. Afinal, não tenho tempo para me arrepender, nem para temer o que ainda não veio.
Viver é urgente, é "aqui e agora", tem cheiro e saber de "hoje" e eu tenho seguido essa lição como quem segue a carilha da felicidade. E como tem dado certo...
Viver é uma arte. De todos os presentes, o mais caro, o mais raro, aquele que nem todo o ouro do mundo compra. Nossa vida é a nossa riqueza que ninguém toma, só mesmo quando chegar a hora. Fora isso, ela é mesmo nossa, e temos que fazer dela o melhor que pudermos.
Viver é razão, o sentido, e não há outro sentido maior do que esse. Viver é tudo que temos e, por isso, não há mais nada que eu queira, porque eu já tenho tudo que preciso.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Meu carro no conserto. E no metrô, às 5:50 da manhã, num dia de chuva, viajam comigo os homens de calças manchadas de tinta branca, sandálias havainas e simplicidade no rosto. As senhoras, quiçá domésticas ou secretárias que entram 7 em ponto por um salário, ali, me olhando, com ar vago de curiosidade, procurando entender o que faz no metrô na primeira hora da manhã, uma mulher com um sobretudo escuro, sapato alto, cabelos loiros e jeito de endinheirada. 

Mas acontece que eu sou povo. E nada mais sou além disso. Porque nem por um segundo só eu me sinto diferente. Carrego comigo a mesma dor de ser humano, conflitos e marcas. Sou da mesma espécie, sou igual, sou apenas mais uma no meio da multidão.

Em cada rosto, em cada olhar, eu procurava uma estória. E em cada ser humano ali sentado havia uma marca tão pesada e fria quanto as marcas que tenho comigo. Somos mesmo assim, humanos. E nada mais somos além disso.

E quando a porta do metrô se abriu, desci pensando que nunca mais eu veria aquelas pessoas, nem elas a mim. Mas elas levam consigo suas estórias e eu levo as minhas. E nisso somos diferentes. Cada uma tem a sua estória. Boas ou ruins, são nossas, e ninguém pode mesmo tirá-las de nós.
Posso esquecer o passado, mas não quero. Posso apagar algumas estórias, mas não devo. Posso negar o que passei, vivi, sofri ou perdi, mas não vou fazer isso. Eu não sou só uma pessoa. Eu sou uma estória e não vou abrir mão dela. Eu sou a soma das chuvas, das tempestades, dos milhares de erros e dos muitos fracassos. Se eu disser "não" a tudo isso, estarei dizendo não a mim mesma. Eu não tenho nada do que me arrepender. Não me sinto culpada de nada. Desculpe quem gosta de culpa para justificar qualquer coisa torta dentro de si mesmo, mas eu não me sinto escrava, nem em dívida. Sou uma aprendiz da vida. Gosto dos meus erros, gosto de ser quem eu fui, porque quem eu fui define hoje quem eu sou. E eu tenho que gostar de ser quem eu sou. E gosto. Posso ser a soma de muitos fracassos, mas sou também a soma de milhares de acertos. Sou igual a todo e qualquer ser humano.Sou o bastante para ter um nome. E esse nome é mesmo só meu e de ninguém mais.
Se eu pudesse escolher e fizesse bem para o corpo, eu não dormiria mais. Tenho tanta coisa para viver, ler, fazer, pensar. Quero horas a mais para ser eu mesma. Quero mais coração para pulsar mais alto. Quero que nada em mim jamais durma. Sou um sonho acordado.
Minha amiga encaixotando tudo para mudar para o apartamento novo. Aí eu filosofo enquanto isso: a gente tem que ter coragem de jogar coisas fora, abrir mão do passado e mudar mesmo sem ter certeza de que a mudança será para melhor. Toda a Natureza é movimento. Astros não ficam parados no céu. Tudo gira. Tudo muda. Dói rasgar, dói ver indo para o lixo. Mas esse ato simboliza rompimento, o fechamento de um ciclo. E todo fim de um ciclo simboliza o começo de outro. Fecha uma porta para que outra possa se abrir. Deixa ir embora para que algo mais apareça no lugar. Limpa o jardim para uma nova primavera chegar.
E tudo passa rápido, porque vida é assim mesmo: um raio! E o Trem não espera por nada.
Quem dorme não vive e eu sempre penso nisso.
Será que a segunda chance volta? Nem sempre.
E aquilo que poderia ter sido e não foi? Ninguém saberá, porque alguém dormiu e deixou passar o Trem.
Ninguém falou, ninguém tentou, ninguém telefonou, ninguém foi atrás.
E assim os dias passaram e a estória poderia ter sido bem outra.
Mas ninguém jamais saberá.
Não olhe para trás, nem mesmo para contemplar o belo. A beleza é temporal. O que lhe parece tão belo hoje, não lhe parecerá amanhã. E o que não lhe parece gracioso hoje, amanhã poderá lhe arrancar suspiros. Você nunca sabe se o que via, via porque via ou porque queria ver. Você nunca sabe se o que amou, amou porque amou ou pelo quanto queria amar. O belo é a mente que constrói. O belo está dentro de nós, no nosso olhar, nas nossas emoções e não fora, no objeto observado. O belo é subjetivo. É como o vento, sem forma definida, sem cor, sem cheiro, sem padrão. O belo é belo para mim, mas não é para você ou vice-versa. Por isso, não olhe para trás para contemplar o belo. Porque esse belo já deixou de ser...Não olhe para trás para não voltar para o começo, justo agora, que você já está quase no fim.
Que todo mundo tenha direito ao riso de graça, sonhar sem hora pra acabar, comer uma picanha suculenta sem engordar.
Que todo mundo saiba como ser maduro sem ser chato, bobo sem ser ingênuo, ter sonhos e não acabar com eles por medo.
Que seja permitido inexoravelmente cantar Balão Mágico e Trem da Alegria sem receio de ser julgado, se chatear sem pensar que está sendo fraco, ter medo sem achar que não é normal ter.
Que todo mundo tenha amigos a qualquer hora do dia, saiba sorrir na dor ou na alegria, viva feliz da melhor maneira que puder.
Que a vida seja aqui e agora, porque o ontem já era mesmo e o amanhã ainda está por vir!
Aquela pontual dorzinha da existência, que eu nunca dispenso, e que vem e passa. Mas o que seria da vida sem isso? Gosto de chamar esses estados de "feliz infelicidade", tão necessária para graduar a alma e afundar nosso submarino cada vez mais dentro de nós mesmos, em direção à ilha da autodescoberta...
Eu nunca me vejo parada à margem de um rio, porque eu sempre o atravesso. Nunca morrerei com a dúvida de saber o que havia do outro lado, porque isso sim me mataria. Mesmo que eu não veja a outra margem, pulo na água e isso já me basta para validar o poder da ação, que julgo tão necessária quanto o ar que eu respiro. Agir! Porque esperar é consolo dos fracos. Suponho que essa seja mesmo eu e nem dói saber disso. O que dói é ser pouco.