quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Meu carro no conserto. E no metrô, às 5:50 da manhã, num dia de chuva, viajam comigo os homens de calças manchadas de tinta branca, sandálias havainas e simplicidade no rosto. As senhoras, quiçá domésticas ou secretárias que entram 7 em ponto por um salário, ali, me olhando, com ar vago de curiosidade, procurando entender o que faz no metrô na primeira hora da manhã, uma mulher com um sobretudo escuro, sapato alto, cabelos loiros e jeito de endinheirada. 

Mas acontece que eu sou povo. E nada mais sou além disso. Porque nem por um segundo só eu me sinto diferente. Carrego comigo a mesma dor de ser humano, conflitos e marcas. Sou da mesma espécie, sou igual, sou apenas mais uma no meio da multidão.

Em cada rosto, em cada olhar, eu procurava uma estória. E em cada ser humano ali sentado havia uma marca tão pesada e fria quanto as marcas que tenho comigo. Somos mesmo assim, humanos. E nada mais somos além disso.

E quando a porta do metrô se abriu, desci pensando que nunca mais eu veria aquelas pessoas, nem elas a mim. Mas elas levam consigo suas estórias e eu levo as minhas. E nisso somos diferentes. Cada uma tem a sua estória. Boas ou ruins, são nossas, e ninguém pode mesmo tirá-las de nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário