segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Deixo para os outros aquilo que não posso fazer, assim como deixo para o Universo mistérios que não posso explicar. Não sou onipotente, tampouco onisciente. Sou apenas humana, demasiada humana, como diria Meu Preferido. E você é igual a mim. Nada sabe, como eu. Nada pode, além do que a sua natureza permite. Nada é, a não ser o pouco que já é. No contexto do que pouco que sou, busco ser algo neste mundo que faça qualquer traço de diferença. Buscar um sentido no ser? Cuidado! A busca do sentido é uma armadilha que pode minar a felicidade. O sentido deveria ser apenas existir. A carga do sentido não deveria recair sobre nenhuma espécie de meta, nenhum outro ser humano, nenhuma outra pretensão, a não ser a breve pretensão de existir. Eu existo! Não seria isto o que há de mais forte em ser um humano? Não seria este o sentido? Deixo para o Universo o sentido. Se Ele quiser me dizer qual é, aceito. Se não, vivo assim mesmo, divagando no meu existir, como quem trafega em um trenó na neve. Um caminho escorregadio. Perigoso. Mas divertido.
E todos os dias um cenário novo. Nós mudamos. A mente muda. Vontades desaparecem dando lugar a outras vontades novas. Mas há coisas que para mim são imutáveis. O amor, quando declarado, é imutável. Só se altera se superado por outro. Sou devota. E quando devota, não enxergo mais nada, não vejo nenhuma outra Estrela. Meu céu é soberanamente dominado por uma Estrela só. Tanto é assim que sou poeta. Em minha alma sempre é "eterno enquanto dure", sempre parece a primeira, única e última vez, como se jamais houvesse existido outra. O que é ser devota? Ser devota é muito maior que paixão. Ser devota é ser uma com o outro, ser uma com seus projetos, "comprar" suas metas, amar suas intenções, suas verdades, seus valores. Ser devota é interagir de maneira única com a outra pessoa, alimentar nela o que ela tem de melhor, compartilhar sonhos. É admirar o outro mais do que a qualquer outra pessoa na Terra, é amar com a mente e com o coração, é amar a outra alma como se fosse a sua.