sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eu não gosto de certezas. Certezas não me servem, nunca me serviram de absolutamente nada, não me confortam e não me trazem qualquer sossego, pelo contrário. Elas fecham milhares de outras portas, limitam meu universo infinito e tornam o meu mundo totalmente preto e branco.
E eu não posso me dar a esse luxo de sentar em cima de uma pedra dura e estática e deixar escorrer pelos dedos as cores das tintas.
O mundo gira e eu vou participar da rotação. Preciso.
Não nasci para a permanência. Sou essencialmente transitória e indisfarçavelmente inadequada.
Busco o movimento, pois é onde encontro a felicidade. Não suportaria trilhar o mesmo caminho ao longo da vida e já aceitei que isso faz parte da minha natureza.
Não tenho medo do acaso, da vida, da morte, da enfermidade ou da sorte. Tenho medo da prisão e dos limites, das regras e dos padrões e da taxatividade das assertivas, que não deixa espaço para novas construções. Tenho medo do absoluto, porque só ele me prega peças. O relativo jamais engana a alguém.
Tudo é possível e tudo muda, porque nada está programado para ser o que é para sempre.
Mas ainda que eu mude, serei eterna. Todos seremos. Essa vida é apenas um capítulo de um livro sem final.
Não espere. Faça o melhor por você mesmo hoje. Não deixe o tempo passar sem nenhum sentido. Corra atrás de tudo que pode ser melhorado. Realize por você; ainda dá tempo. Você é muito mais do que um nome. Você merece sol e água fresca depois dessa batalha. Esteja certo que tudo passa. O importante é a sua paz de espírito que você vai cultivando a cada dia, vencendo tudo que te atormenta e sendo ainda mais forte a cada novo raiar de sol.
Não se esconda. Deixe as "muletas" e corra de vez para a vida. Ela tem grandes surpresas para você.
Seja humano. Não fira o coração do fraco. Não mate de sede o viajante do deserto. Não seja comum, morno, seco, que não tem nada de bom para dizer, nem uma só palavra para acalentar. Seja esperança e não peso. Traga alegria e não discórdia. Seja a paciência e não a intolerância. Pregar a fé, qualquer que seja ela, de nada adianta se a verdadeira mensagem nunca foi aprendida.
Não critique o cansado. Cada um sabe dos seus percalços. Não machuque mais a ferida aberta. Seu silêncio será bem-vindo. E seu amor também.
Aprendi que quando alguém diz que tem uma fé ou que crê em um Deus, não significa, de forma alguma, que sabe como amar o próximo, porque isso só se aprende fazendo e não crendo. Tanto melhor que não creia em nada, mas saiba como amar, porque se assim for, essa pessoa não precisará se esforçar para encontrar Deus. Deus a encontrará.
Se liberte. Deixe ir quem não quer mais ficar. Decida ir se é você quem tem que partir. Não deixe tudo piorar. Não deixe o mundo desabar só porque você não tem coragem. Tenha.
Não se canse. E se cansar, sente e respire. E recomece. Não pense que a estória acabou. Ela está somente começando e é você quem escreverá o final dessa vez. Outras estórias, que bom que acabaram. Elas não teriam mesmo um final feliz. Você já sabia. Então, vire a página e siga em frente.
Eu me importo...Com o coração apertado eu digo que me importo, sim, com o detalhe, com o sentimento mais simples, com o presente feito à mão, com o beijo dado com afeto e de graça, com uma poesia numa folhinha de papel. Me importo com o amor sincero. E o amor é simples. E isso é tudo, porque o amor já é tudo. Me importo com o tempo que foi gasto para compor uma canção para mim, me importo com o tempo que se levou para chegar aonde estou só para me dizer que me ama, me importo com pequenas grandes coisas que fazem do amor algo nobre. Me importo com o olhar, com o toque e com o abraço apertado. Me importo e acho que tudo isso, por si só, já é um presente. Me importo porque é justamente isso que tem valor para mim.
Está entre os meus principais objetivos de vida conhecer pessoas, aprender a apreciá-las independentemente do que elas possam me oferecer, amá-las não necessariamente pelo que são, mas APESAR do que são, me importar com elas verdadeiramente e não cair na armadilha de fazer o bem só para mostrar ao mundo que "sou uma pessoa boa".
Amar o belo, o nobre, o excêntrico, todos fazem. Amar o popular, o notável, o incrível, todos podem. Amar o torto, o fraco, o insuficiente, o problemático, o que não tem nada para nos oferecer, o que não pode dar nada em troca, isso é tão mais difícil, não é? Desafio.
Desafio se colocar no lugar do outro e sentir sua dor ao invés de julgá-lo. Desafio a compaixão genuína, o sentimento altruísta, a irmandande desinteressada, o amor sem reservas. Desafio o cristianismo primitivo, no sentido mais puro e essencial da expressão. Desafio tão contrário ao nosso natural egoísmo querer dividir, somar, se entregar, se doar. Desafio vencer nossos percalços internos e querer ser útil para as pessoas, sem pretender que elas sejam apenas utilitários para nós.
O valor da comédia é imensurável. Ela alivia nossa carga existencial e permite que escondamos a nossa racionalidade atrás do humor para suportar esse mundo cão. O riso é um estado de glória que eleva nossa alma e entorpece por alguns segundos nossa angústia de ter que ser humano todos os dias. A gargalhada liberta e renova as nossas baterias mentais e emocionais para recomeçar a busca na direção das tristes constatações de quem é lucido. Nós rimos porque somos lúcidos até demais. Nós gargalhamos porque a dor existencial é grande e o sentimento de impotência frente às incongruências do mundo assalta nossa paz constantemente. Nós contamos piadas e falamos bobagens porque essa é uma estratégia de sobreviência nessa Terra que caminha na contramão da lucidez. Nós somos cômicos porque somos poetas da vida e enxergamos o ser humano do modo que só o riso desesperado e o amor incontrolável pode nos fazer enxergar. Nós somos tão lúcidos que precisamos ser loucos de vez em quando para não enlouquecermos de uma vez. Portanto, ria, gargalhe, fale bobagens, extravase. Porque quando você faz isso, você se torna cada vez mais lúcido e o mundo precisa da lucidez de gente exatamente assim como você.
Vida é persistência e não dá para ser diferente. Vida é acreditar mesmo quando tudo parece na contramão do que se almeja. Vida é lutar dentro de si mesmo e direcionar energia para o seu projeto. Vida é cansaço, mas um cansaço recompensador em algum momento da trajetória. Vida é seguir em frente, rompendo obstáculos, construíndo passo a passo o caminho por onde você quer trafegar. Vida é sofrer e chorar se for preciso, é sentir a perda, a ansiedade, o martírio, é gritar, é se remoer de aflição. Vida é batalha diária e ninguém disse que seria diferente. Vida é lutar por nós mesmos, pelo nosso momento, pela nossa estória e não deixar passar a chance jamais. Vida é oportunidade também e a oportunidade que não existe pode ser criada. Vida é o que eu quero e o que eu quero pode ser alcançado. É para alcançar que estou vivendo e não  "vivendo por viver". Portanto, venha o que vier, estarei aqui esperando.
Não se culpe. Ninguém sabe se teria sido diferente. Talvez você não seria quem é. E quem você é realmente é muito importante hoje.
Não se atormente com coisas pequenas. Você é mais do que esse dia ruim, do que essa fase difícil; do que esses medos e desilusões passageiras; do que essa descrença no ser humano.
Seja forte e dê a mão para você mesmo. Não boicote seus próprios projetos. Não seja seu próprio inimigo. Abra os olhos e se concentre em você.
Seja forte. Há dores que não cessam de doer tão cedo, mas não há nada que o tempo não possa apagar, de verdade. Então espere, vai chegar a cura. E chega, porque o tempo pode tudo.