quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Dogmas. Alguém os criou somente porque sabia que existiriam pessoas aptas a acreditar que eles seriam para sempre imutáveis. Exercício de poder sobre o outro. Vaidade. Nada mais. Não posso deixar que você faça aquilo que eu mesmo não tenho coragem de fazer. Por isso crio dogmas e coloco suas pesadas cargas sobre seus ombros para que você sofra junto comigo neste mar de solidão em que vivo. Assim pensa quem cria dogmas. Domínio.

Viva à liberdade racional, clara e incontestável de todo e qualquer ser humano da face da tarde. Ética no trato com o outro, preservação da vida, da ordem social e dos elementares princípios da moral comum. Fora isso, tudo o mais que aprisione não passa de mentira inventada pelo homem para satisfazer sua ânsia de poder sobre as massas.   
Os pés numa rocha. Agora sim, pareço comigo. Lastimo sempre que saio de mim. Quem não sai? Humanos, demasiado humanos, diria Meu Preferido.
Devaneios, uma noite sem dormir; outro devaneio, um desacerto interno qualquer, uma rachadura na alma de ponta a ponta, um tormento proibido, um mar que balança despejando sobre a orla ondas bravias, um cérebro que ofusca-se e ensaia como seria dar ouvidos a uma voz do coração. E desse ensaio, vem o susto!
E nesse susto revela-se algo que não poderiamos mais enxergar se as névoas dos sentimentos já tivessem cegados nossos olhos. Sorte. Porque ainda é possível ver. E eu vejo. E ainda vejo com inexorável lucidez. E porque vejo, penso. E porque penso, enxergo a dimensão dos meus atos. E assim como eu sou livre e posso agir, posso também abster-me de qualquer prática. Sou livre, porque minha Razão assim me diz que sou. Razão, minha amiga adorada, sem a qual eu não seria ninguém. Entra e dissolve a névoa de idéias, restaura o equilíbrio e fortalece novamente os sentidos para ver o que pode ser visto, o que deve ser visto, o que é preciso ser visto. Cega meus olhos para aquilo que não devo enxergar com a mente. Porque se enxergo com a mente, é porque o conceito, a idéia, a vontade existe no coração. E se existe no coração, há uma outra de mim em luta comigo. E cansa. Lutar comigo cansa. E eu não quero gastar minha energia na luta. Por isso, invoco sempre a Razão, que luta por mim. E nunca houve uma única vez em que ela deixasse de me socorrer. Soberana. Maior do que eu apenas porque eu mesma resolvi dar ouvidos a ela. Do contrário, ela não seria soberana. A loucura seria. E me faria louca.