quarta-feira, 10 de agosto de 2011


É preciso haver esforço para romper preconceitos, o que de modo algum tem que significar que, com isso, estamos chancelando atitudes com as quais discordamos. Mas para romper preconceitos de modo autêntico e decisivo é preciso empatia, colocar-se no lugar do outro, compreender sua situação. E para colocar-se no lugar do outro de verdade, é necessário interagir com a sua realidade de modo imparcial e completamente desprendido de nossos julgamentos pessoais. O Amor nasce da capacidade de compreender o que o outro vive independentemente das nossas opiniões pessoais sobre sua realidade. Esse processo é dificílimo. Poucas pessoas conseguem construir a vertente do amor genuíno livre de preconceitos. Raramente acredito em alguém que diz que ama o próximo quando percebo que essa pessoa não alcança a realidade desse próximo e tampouco se esforça para isso. É impossível amar alguém se não fazemos questão de compreender o nível de sofrimento daquela pessoa porque não temos capacidade ou vontade de nos colocarmos no lugar dela e preferimos nossas concepções ao invés de abraçar a possibilidade de interagir de modo positivo com uma realidade diferente da nossa. Interagir para buscar compreender aquela realidade e não necessariamente para assimilar essa realidade como algo verdadeiro ou útil para nós. Amor verdadeiro não pode fluir em meio a preconceitos e ausência de compreensão da realidade e da dor alheia. Tentar colocar-se no lugar do outro com sinceridade extrema é resultado de muita vontade de aproximar-se da nossa própria humanidade e de ser confrontado por ela. Só acredito no amor que flui desse processo de pura empatia e conexão íntima com a realidade do outro e com a nossa própria natureza de seres humanos. Fora isso, o pretenso Amor não passa de mero discurso.

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